A geração que fez a revolução sexualestá pasma com a precocidade e a liberdade da vida amorosa de seus filhos. Poucos sabem como lidar com a primeira vez dos adolescentes

pais estão confusos, preocupados e tão carentes de modelo
quanto os próprios filhos. Algumas pistas de como os pais podem agir – assim como uma idéia mais clara de como a garotada lida com a delicada questão da perda da virgindade – estão surgindo de uma enxurrada de estudos sobre a sexualidade. Esses levantamentos nos informam que o mais surpreendente sinal dos tempos não é a idade em que acontece a iniciação, mas onde: na casa da família. Entende-se daí o tamanho da confusão. A juventude já percebeu que sua vida sexual pode contar, de uma forma ou de outra, com a cumplicidade dos pais.




A modelo paulistana Daniele Gomes, de 17 anos, teve sua filha Nathalia no final de 1997. Ela engravidou de seu primeiro namorado, um rapagão de 20 anos com quem se relacionava já havia quase três. Ambos eram virgens e a primeira vez ocorreu seis meses depois dos primeiros beijos. Foi no quarto dele, num fim de semana em que a família viajou. "Nós tínhamos aquele pensamento mágico de que nada iria acontecer com a gente", diz Daniele. Seu pai, José Evangelista Gomes, só soube que seria avô quando o barrigão apareceu. "Caí das nuvens", desabafa. "Sempre fomos muito liberais, falávamos de sexo com liberdade, sempre orientamos nossa filha. Como pôde acontecer?" Da mesma forma que não há receita infalível para transformar os filhos em pessoas felizes e bem-sucedidas, não existe padrão para encaminhá-los sem riscos pelos meandros do sexo. O mais comum é que se repita a velha fórmula da conversa séria de pai para filho, ou de mãe para filha, em que o adulto constrangido dá uma noção geral e insossa de como funciona a



A televisão, o cinema, a imprensa, a propaganda inundam o cotidiano dos jovens com apelos
sexuais jamais vistos por outra geração. É daí que nasce a fantasia de que toda transa é maravilhosa. Se o adolescente se deixa influenciar por esse bombardeio, poderá ter decepções na vida real. Mas paradoxalmente a fantasia, alimentada pelos meios de comunicação, é contrabalançada até certo ponto pela experiência prática que os jovens tiram dos namoricos quentes que entraram na moda nos últimos anos da década de 90. "A iniciação sexual hoje tem menos fantasmas que a de gerações anteriores porque está começando no ficar", opina Tania Zagury, educadora especializada em adolescentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Etapa intermediária entre a paquera e o namoro, "ficar" permite aos jovens liberdades que a geração de seus pais só desfrutavam numa fase avançada. "Eles conhecem as sensações de prazer e isso os empurra com mais facilidade para a relação sexual", diz Moacir Costa. "Os jovens aprendem como despertar o desejo e vencem as inibições antes mesmo da transa em si." Assim, os adolescentes chegam à primeira vez mais bem preparados que os das gerações anteriores. Nada disso garante uma estréia sexual de filme de Hollywood. Uma pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo notou que apenas uma em cada cinco garotas sente prazer na primeira vez. A paulistana Carolina Piza, 18 anos, perdeu a virgindade aos 15, com o primeiro namorado, e lembra bem da decepção. Durante cinco meses, ela percorreu o caminho da intimidade crescente que vai de pegar na mão às carícias mais íntimas e se julgou pronta para o grande salto. "Tive a impressão de que se faz a maior propaganda de uma coisa que não corresponde à realidade", diz. "Fiquei com medo de que fosse sempre assim. Na segunda vez, felizmente, foi bem melhor."


A dona de casa Irone Magnini, de Curitiba, sempre procurou tratar com naturalidade assuntos espinhosos, como sexo, com os filhos Mayron, 18 anos, e Markyan, 16. O mais velho viu uma camisinha pela primeira vez aos 5 anos, quando manifestou curiosidade sobre o assunto. "A primeira transa é tão natural quanto a primeira volta de bicicleta", resume Irone. Mayron optou por ter uma iniciação sexual à moda tradicional. O pai, o advogado Marlus, pagou uma prostituta pelo serviço. "A pressão dos amigos era tremenda. Eu era o único virgem da turma", diz Mayron. "Foi bom, mas não é uma experiência que gostaria de repetir ou recomendar." O caçula Markyan já decidiu que sua primeira vez será com uma namorada, "uma pessoa legal". O carioca Alair Ferreira, 18 anos, quando determinou que era chegada sua vez, há três anos, consultou a mãe. "Ela me perguntou se não era muito cedo, conversamos e chegamos à conclusão de que o legal é a transa acontecer com alguém que tenha a ver com a gente." Está se generalizando o conceito de que a mulher tem o mesmo direito dos homens de fazer sexo antes do casamento, mas nenhuma menina deve esperar que papai aplique essa regra com entusiasmo. Quando se

Bem comum é a mãe, diante da inevitabilidade da iniciação sexual da filha, levá-la ao ginecologista para uma sessão de conselhos práticos. A maioria das meninas, porém, prefere evitar as indiscrições do médico conhecido da família e procurar alguém recomendado pelas amigas. A estudante gaúcha Laura Soares da Silva, 15 anos, que vive em Blumenau, sempre conversou abertamente com os pais sobre sexo. Se sobrava alguma dúvida, esmiuçava os detalhes em livros especializados e revistas femininas. Em julho do ano passado, dois meses depois de começar a namorar um colega de sala de aula, Laura procurou ajuda profissional. O casalzinho havia decidido transar e não estava seguro de como prevenir a gravidez. "Depois de conversar com a médica, fiquei mais tranqüila e tomei a primeira pílula quando saí do consultório", conta Laura. A primeira transa foi na casa dela e a pílula foi reforçada com o uso da camisinha. "Não havia por que impedi-la de dormir com o namorado", avalia a mãe, Maria Iderna Ramires. "Quando eu tinha a idade dela, isso acontecia com muita culpa. Não queria que a minha filha fizesse nada escondido." A trajetória da mineira Arislana Brito, 18 anos, seguiu por caminhos diferentes. A primeira experiência aconteceu numa noite de réveillon na casa do namorado, há dois anos. A
mãe, Elizete, só soube no ano passado, quando Arislana engravidou de outro namorado. "Fiquei chocada. Na minha época, se uma moça transasse com o namorado, ficasse grávida ou não, tinha de casar", diz Elizete. Ela deu à filha a mesma educação conservadora que recebeu dos pais e hoje se arrepende de não ter conversado sobre sexo em casa. Apesar do susto, deu total apoio à filha. "Não tive escolha. Afinal, os tempos são outros e casar virgem faz parte do passado." No que vai dar isso tudo? São mais de 32 milhões de jovens entre 15 e 24 anos no Brasil, criando novas regras para um jogo eterno. Alguns são maduros para jogar no primeiro time. Procuram ajuda profissional, usam preservativos e conversam com os pais. A maioria não está nem aí. Os pais, bem, os pais estão preocupados.

Com reportagem de Rodrigo Vieira da Cunha, de Porto Alegre,Daniella Camargos, de Belo Horizonte, Rachel Verano, de Curitiba, Pablo Nogueira, de São Paulo
3 comentários:
Esse blog fico mto legalllllllll!!
Ficou bm feito!!
Se cuidem usem camisinha!
Pow fiko massa blog seus ae...
Da pra aprende porrada de coisa...
É tomara q professora suas de a nota maxima prele... EHUSAIHEiuh
Alceu me pediu pra da 1 passadinha ake... ta ae
Flws pro 6
Postar um comentário